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CONFLITOS INTERNOS

 

O Capitalismo provocou inúmeras mudanças nas pessoas físicas, jurídicas e no mercado, até este momento, e muitas outras ainda serão feitas ao longo do tempo. Entre tantas, a cobiça se destaca neste cenário e, por sua vez, vem colocando tais pessoas em ambientes de conflitos internos. Isto é, elas mesmas se colocam em uma situação de choque de escolhas e que exige decisões precisas e irreversíveis.

Não seria uma grande coisa se todas estivessem qualificadas para fazerem escolhas e tomarem decisões – inevitáveis hoje em dia -, indiferentes de quantas vezes estejam nesta situação. Mas a cena é outra: primeiro provocam o conflito enquanto buscam oportunidades e quando esta é encontrada, não sabem o que fazer com ela. Vai ou fica? Aproveita ou descarta?

Outro ponto é que nem todas as oportunidades são boas, assim como nem todos os riscos são ruins. Porém, estes parâmetros ainda não estão às claras para todos e a maioria é impulsiva além de despreparada.

Esse estado de conflito de escolha é conhecido como trade-off. Pode ser facilmente encontrado em uma ação econômica para solver problemas, mas que obrigatoriamente provoca outros. No português pode ser compreendido como perde-e-ganha. É uma troca a ser feita que, na maioria das vezes, mensuravelmente tem diferenças tênues. Todavia, necessita que o envolvido tenha consciência do que é bom e ruim em todos os aspectos, porém há o hábito de olhar apenas as vantagens da oportunidade enquanto que só são vistos os problemas do que se tem em mãos para ser trocado por ela.

Renuncia o ambiente onde está, a equipe ou parceiro e o que já tem por uma chance imprecisa que parece atraente e, aos olhos deles, muitas vezes é irresistível. Em outros casos, ainda não houve tempo de sequer conhecer e usufruir o que se conseguiu e já estão pensando em outra ocasião mais favorável do que esta que acabaram de conseguir. Agem de maneira impulsiva sob uma visão restrita no agora, não se importando com o futuro ou enxergando-o de maneira míope.

É preciso comparar adequadamente os benefícios que se tem hoje e o que isso poderá lhe trazer no futuro, pois é mais fácil desenvolver algo que já se tem em mãos e que conhece do que sempre abandonar pelo caminho oportunidades já conquistadas para que outros as aproveitem enquanto aguarda pela próxima e mais favorável chance que pode nunca vir – ou que já passou e foi trocada por outra de menor valor.

Um trade-off bem planejado e trabalhado por uma pessoa apta pode ser comparado aos movimentos que um jogador de xadrez faz no começo do jogo chamado de gambito (sacrifica uma ou algumas peças do jogo – por exemplo peões – para conseguir qualidade, harmonia, desenvolvimento e mobilidade entre as demais peças). Perde para depois ganhar.

Entretanto, sem estratégia; ariscando primeiro para ver o que acontece depois; não se importando com que se perde agora ou nem sabendo mensurar isso; trocando o futuro pelo presente; mudando tudo novamente e de maneira inconsequente; etc. acabam por deixar o dia do amanhã à mercê da sorte. O histórico ruim é a única coisa que se adquire por consequência dessas atitudes e nunca deixará de existir além de ser impeditivo para muitas oportunidades que poderia surgir.

Talvez seja menos custoso mudar a si mesmo do que tentar mudar tudo em sua volta para que eles se enquadrarem ao que está exigindo para sua vida. A prudência direciona as pessoas sensatas em adaptar-se ao meio e calcular, em longuíssimo prazo, o que pode ser ganho com o desenvolvimento do que já se tem ao invés de trocar o certo pelo duvidoso. Até mesmo um time de futebol que está ganhando de três gols toca a bola no final da partida porque já fizeram o que precisava e não precisam assumir maiores riscos.

A mudança impulsiva ou o risco desnecessário são apenas promissores de fracassos e não são tolerados pelo destino que pode cobrá-los pelo resto da vida se forem irreversíveis.

 

 

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.582, pág. B4. JAN 16, 2013.

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