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CONSUMISMO

  

A economia notou que era preciso provocar a demanda por suas ofertas para se manter viva e em constante desenvolvimento. Criou o sistema de consumo arcaico que tinha como base a sustentabilidade entre os envolvidos, mas que ao longo do tempo identificou o desejo de posse do ser humano e convergiu para a aquisição impulsiva ou instigada.

Bens e serviços migraram de básicos e relativos à sobrevivência para os cobiçados pela ganância humana que se tornou uma fácil vítima do sistema. Quase tudo o que se produz pode ser consumido, mesmo que seja completamente fútil. Tudo depende da estratégica que busca sempre desenvolver a ambição de ganho.

O sistema é amplo e abraça todos os envolvidos de maneira que tudo fica interligado e qualquer peça faltante dessa oferta ou demanda pode ferir alguma parte. Isto é: oferece e busca interessados a fim de manter sua constante oferta, visando não dispensar a cadeia produtiva desses bens de consumo e que também é consumidora de outros itens não pertencentes a esta rede. A sinergia entre os envolvidos entra em campo e se houver a ousadia de romper os elos de compra e venda, são praticadas intervenções econômicas para que sua espinha dorsal não comprometa setores da sociedade.

Paralelamente, tudo está baseado em interesses capitais omissos com a continuidade sadia do ambiente em que se vive, pois o ganho sempre é medido monetariamente e outro tipo de medida seria surreal aos olhos dos comandantes.

A estrutura contemporânea não teve planos para o dia do amanhã, quando foi projetada. E ela piora com a falta de ordem no consumo humano. Os dinheiros que mantêm as autorizações de ofertas sem a devida análise estrutural de consumo são vistos como essenciais para a sobrevivência dos poucos interessados que, concomitantemente, ignoram a depredação física do ambiente e mental dos consumidores.

A provocação do consumo está tão estruturada na mente humana que simples palavras de promoção, liquidação, nova fórmula, embalagem, local ou nome são instantaneamente aceitos pelo cérebro do consumidor que até fica perdido diante das inúmeras ofertas, mas nunca deixa de consumir alguma. E esse constante insulto atrativo de compras é massageado por diferentes formas criativas feitas pelos fornecedores concorrentes.

Os homens vivem sob a escravidão latente do sistema consumista que se fortalece diariamente com a manipulação do ego humano. Sistema o qual o mesmo homem desenvolveu e se aprisionou, e que muitas vezes o induz a cometer equívocos e más condutas profissionais para mantê-lo ativo.

Assim, no homem vive a pré-disposição de consumo desordenado e que dá a impressão de ter apenas a necessidade de fazer a escolha certa entre os produtos e serviços oferecidos e não mais se eles são realmente necessários.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.629, pág. B4. MAR 13, 2013.

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