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DE OLHO NO RESULTADO

  

Os trabalhadores poderiam ser divididos em dois grupos, sendo os que visam o trabalho e os que miram o resultado.

Aqueles que possuem o foco no trabalho são carentes de motivação externa, reconhecimento dos líderes, regras disciplinares, segurança no emprego, voz de comando e horário de trabalho definido. Suas carências são justificadas pela visão míope de negócio que, por sua vez, transfere aos outros a responsabilidade de promovê-los ao trabalho.

São dependentes de alguém que lhes dê empregos, oportunidades, motivação, parabéns pelos trabalhos feitos, salários fixos, benefícios financeiros, etc. Assim, o Estado assume a posição materna e o empregador assume a paterna aos enquadrados neste grupo. E nessa analogia poderiam ser vistos como adolescentes que dependem de orientações e correções contínuas, a garantia da mesada, um responsável pelos seus atos, ganho de presentes por datas comemorativas, paciência pelas falhas cometidas... E ainda assim os pais (Estado e empregador) haveriam de viver com reclamações e birras desses filhos.

São os malcriados que a mãe (Estado) passa a mão na cabeça toda vez que o pai (empregador) os penalizam com o desemprego. E esse coração de mãe que se abate pelos direitos humanos, é omisso por não cobrar as obrigações humanas dos seus filhos que acumulam pouco tempo de serviços em cada emprego ou o desemprego por longo período. Os socorros de encargos, benefícios e “bolsas” que a mãe pontualmente dá com base na benevolência, os escravizam na ignorância e no ócio maquiados pelo baixo índice de miséria.

O outro grupo é formado pelos filhos independentes, porque a motivação, oportunidades, rendimentos, aprendizagem e disciplina são criados por si. Ignoram a necessidades dos aplausos uma vez que o mais importante é a conquista daquilo que almejavam. A realização é justificada pelo resultado atingido e, agora, gozado. O valor dos proventos que desejam conquistar é maior do que a quantidade de tempo e esforços exigidos. Notam que as dificuldades existem para serem superadas, senão o outro grupo também conseguiria obter tais resultados. E o criar, renovar, aprender, desaprender, reaprender, planejar e persistir são ferramentas usadas todos os dias por eles.

É certo que todos nascem no primeiro grupo, mas a decisão de permanecer ou sair dele é facultativa e indefere de idade ou conhecimento, mas da vontade. E as exigências dos direitos não podem sobrepor, omitir ou eximir às das obrigações, pois para se ter o direito deveria de se ter cumprido as obrigações. Planta-se para depois colher ainda que alguns ativistas pensem ao contrário.

E em um país que carece de saneamento básico, energia elétrica, asfalto, ferrovia, sinalização e tratamento de lixo é optado por pagar para os possíveis trabalhadores ficarem em casa. Seria até interessante tentar imaginar o número de pessoas presentes nesses trabalhos se as “bolsas” tivessem essa exigência mínima de atividade.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.710, pág. B4. JUN 19, 2013.

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