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EMPREENDEDORISMO

 

            Diante da marca de três novas empresas sendo abertas a cada minuto, percebe-se que muitos brasileiros estão se convergindo de comandados para comandantes. E se em alguns casos isso se deve ao anseio profissional, em outros são consequências do desemprego que aloca as pessoas no mercado de trabalho.

            Nos últimos dois anos, foram criados quase cinco milhões de novos negócios no Brasil e a média de empresas sendo fechadas até o segundo ano de vida ainda é de 25%, segundo pesquisa feita pelo SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. E muitos fechamentos se devem à falta de conhecimento administrativo básico.

A habilidade nata do empreendedor não é o único fator desse quadro de aberturas. É notado que muitos empresários conseguiram desenvolver tal habilidade através do conhecimento empírico.

Por outro lado, mesmo com a melhora no conhecimento cognitivo transmitido pelas universidades, nota-se que o cerne do ensino nacional, até o momento, é voltado para a formação de funcionários e não de patrões. Entretanto, algumas entidades medianas buscam, de maneira ainda paliativa ou estabanada, readequar esta realidade por si.

A pós-graduação vem de encontro com essa falha a fim de trabalhar os conhecimentos faltantes na graduação e que são fatores de insucesso de muitos empresários que se arriscam após ou durante a formatura. Mas, em muitos casos, está mais voltada em formar pesquisadores ao invés de empreendedores.

Universidades mais bem qualificadas são compostas por docentes ativos no mercado de trabalho e com experiência no que é lecionado em sala. A diferença é enorme entre o conhecimento transmitido a partir de livros somados aos casos vividos ao invés dos apenas vivenciados e escritos por outros.

A qualidade do ensino superior não é tão questionada pelo futuro profissional durante seu curso de graduação como deveria de ser. O histórico do professor e sua formação precisam ser questionados pelos alunos que neste caso são os clientes da universidade. E ter um orientador medíocre, hoje em dia, além de formar futuros profissionais ruins, apenas serve para despender tempo e dinheiro de quem está investindo em sua própria qualificação.

 Não é de se exagerar na menção da fragilidade da comunicação empresarial quando se depara com a dificuldade de recém-formados em apresentar via oral ou escrita seu próprio negócio. A simplicidade das funções básicas parece cegar a percepção do educador que se esquece de lecioná-las por não constarem nem na grade do curso.

O mercado de trabalho também segue a mesma composição de classes encontradas na sociedade, onde os profissionais educados nas melhores universidades são mais bem aceitos não somente pela sigla da entidade, mas por prestarem serviços de melhor qualidade do que outros que economizaram tempo, dinheiro e esforços em sua formação.

Há alunos que optam pela dedicação em seus estudos indiferente da entidade de ensino. E o fazem muito bem, uma vez que há menos concorrência no grupo dos qualificados devido ao imenso número de levianos diante dos previdentes.

Discussões sobre a possibilidade de ensinar ou não o empreendedorismo nos bancos universitários sempre haverá. Sentimento, percepção, proatividade, crença, precisão, etc. são habilidades empresariais abstratas e difíceis de serem transmitidas. Por outro lado, a taxa de mortalidade empresarial cai com o aumento do acesso as informações.

Dentre tantas lacunas ainda existentes no ensino superior, há a de preparação emocional do futuro empreendedor porque ainda não conseguiram desenvolver uma estrutura curricular que a atenda. 

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.863, pág. B4. DEZ 18, 2013.

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