Até tempos atrás, conquistar uma formação acadêmica era o objetivo de muitos que viviam a certeza de trabalho após consegui-la. Momentos depois, com vários profissionais também formados na mesma área foi preciso buscar o diferencial através da pós-graduação diante das apertadas disputas pelas vagas de emprego ou carteira de clientes. Por certo tempo, os especialistas se sobressaíram à concorrência, mas o mercado de trabalho [- que hoje em dia pode demiti-los sem precedentes -] estreitou seus campos de atuações.

            O especialista ainda tem vantagens sobre os profissionais que têm conhecimentos gerais, mas a especialização profissional tornou-se um investimento de loteria. O indivíduo acaba por escolher um ramo de atividade e investe tempo, esforço e dinheiro em sua formação e especialização por assim o julgar frutífero para si. Entretanto, muitas atividades que mostram expansão no início da carreira profissional podem se tornar bem menos lucrativas com o passar dos anos.

            Outra preocupação do especialista é manter seu conhecimento atualizado uma vez que o mercado e as necessidades dos clientes e empresas estão em constantes mudanças e a obsolescência do saber pode ser apenas uma questão de tempo.

             Quem anteviu a expansão chinesa há dez ou mais anos e buscou se especializar no mandarim e experiência internacional chinesa jamais poderia imaginar que empresas globais dariam a mesma importância aos profissionais que também se especializaram em outros países. As relações entre a China e outros países prosperaram, mas os conhecimentos adquiridos por muitos profissionais são vistos como específicos e de pouco utilidade para muitas empresas nacionais.

            Com a retração do mercado, o poder de decisão de muitas empresas retornou à centralização de antes, tirando-o dos responsáveis regionais às matrizes. Líderes especialistas foram alocados para os campos de execução ao invés das mesas de decisões, lado a lado novamente com a linha produtiva.

Consultores, orientadores, mentores, treinadores, palestrantes, etc. surgiram nesse cenário profissional, pois o acadêmico se readequou elevando a exigência de especialistas para mestres e doutores.

Duas ou mais especialidades que estejam alinhadas com o objetivo profissional do individuo aumentam suas chances de sucesso na carreira. O escopo profissional precisa estar mais amplo do que o previsto há anos e o saber constantemente atualizado.

Certamente, o conhecimento específico pode garantir algum destaque, mas é preciso encontrar alguém interessado em pagar por ele e nem sempre isso é tarefa fácil de fazer. Atividades ligadas à saúde e tecnologia ainda têm muita carência de especialistas enquanto que outras têm mais oferta do que demanda desses profissionais.

A convergência do mercado em ser bom em uma coisa para ser bom em mais de uma é notória. O especialista [e multitarefa] favorece sua carreira e diminuiu as chances de ser demitido pelo mercado. Mas aquele que se especializa em funções distintas, abrindo chances para carreiras paralelas, pode evitar a dor do desemprego de uma função, pois a outra o manterá em atividade.

  

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.834, pág. B4. NOV 13, 2013.