Durante a infância, o ser humano passa pelo ápice da curiosidade quando usa em demasia o questionamento sobre todas as coisas. Tudo é novo ao mesmo tempo em que precisa fazer sentido em sua cabeça. É a época do por quê.
Os pais vivem na certeza de que a cada resposta dada haverá uma nova pergunta feita pelo filho. É o momento que mais se aprende porque a criança dá abertura necessária para receber qualquer tipo de informação. E muitas vezes nem é preciso fazer uma pergunta, pois enquanto está brincando ela mantém a atenção em tudo o que se diz e se faz ao redor.
As contradições saltadas nas mentes das crianças que vinculam todas as informações recebidas são impressionantes. E com certeza alguém já deve ter se deparado com um pedido de explicação sobre os vínculos da Páscoa, coelho, ovo e galinha. Galinha? É claro, porque coelho não bota ovo, né mãe?!
Com o passar do tempo, chega-se à juventude e as perguntas vão sendo substituídas pela vergonha, receio, medo ou indiferença. O que se pensa não é mais tão compartilhado como antes. As conclusões começam a se darem com base no que se vê, ouve ou sabe. Diminui as fontes de informações. E o silêncio pode significar muitas coisas.
A comunicação entre as pessoas se enfraquece na medida em que elas se consideram sabedoras dos fatos. E é nesse momento que os problemas podem surgir dentro de casa, na rua, escola ou trabalho.
Como não há como saber o que se passa na cabeça do outro e até mesmo o que ele diz pode ser diferente do que acredita, é necessário estreitar o relacionamento através de perguntas. Retomar a simplicidade do diálogo e da curiosidade. É construir pontes onde há muros.
Ao fazer uma pergunta, a pessoa mostra interesse pela informação que a outra tem. E se essa pergunta for direcionada à área de interesse do outro haverá uma maior abertura para a conversação. Querer saber é o mesmo que se importar. É acolher a outra pessoa.
Durante todo o dia, as pessoas não estão acostumadas a serem questionadas sobre aquilo que tem valor para elas. E uma pergunta pode ser o primeiro passo na mudança de um contexto desfavorável.
A pessoa considerada antissocial, o líder ausente, o introvertido, o isolado, etc., podem ser pessoas com vários impeditivos, mas um dentre os possíveis é a dificuldade de elaborar perguntas.
No mundo profissional, muitos clientes e colaboradores estão sendo perdidos pelas empresas que não fazem perguntas à eles, como também muitos estão desempregados porque não quiseram saber se o empregador estava contente com seus resultados, por exemplo. E o exercício de se perguntar ao outro o que ele pensa, sente, quer, precisa ou gosta faz diferença na continuidade dos relacionamentos.
JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.740, pág. B4. JUNL 24, 2013.