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FUNCOES REJEITADAS

  

A cultura humana vem se adaptando à evolução da raça ao longo do tempo. Muitas vezes substituindo o tradicional pelo contemporâneo, sofre constantes mutações produzidas, na maioria das vezes, pelos jovens que são ávidos de atualização.

O mundo nunca mudou tanto e nem tão rápido quanto nos últimos duzentos anos. Os três setores econômicos têm estado se automatizando através da produção de novos conceitos, processos, insumos, produtos, serviços e ferramentas. E essa iluminação histórica está sob uma iminente ascensão sem precedentes.

As convergências que a cultura tem sofrido nas últimas gerações fizeram a atual se estabelecer em uma base sedentária, dependente dos equipamentos, informações e comunicações eletrônicas. E não seria tão dramático dizer que, hoje em dia, quando a internet para de funcionar o usuário sente-se como se estivesse tendo um enfarto no ambiente profissional.

Esse sedentarismo faz com que as funções tradicionais, hoje, sejam refutadas pelos jovens profissionais uma vez que cresceram com as facilidades eletrônicas, enlatados, congelados e medicamentos dos mais diversos tipos; viveram a realocação da responsabilidade da educação doméstica aos professores, avós, cuidadores, babás ou diaristas; melhoria nos meios de transportes; a perda da mãe no horário comercial; a ganância pelo status social; etc.

Atualmente, não é difícil encontrar pessoas que não sabem cozinhar, instalar um chuveiro elétrico, trocar óleo de carro, assentar um tijolo, pintar uma parede, desentupir um vaso sanitário, pregar um forro solto, etc.

A parte jovem da sociedade acabou-se por ter como padrão de status desejado o labor intelectual que, intrinsecamente, considera o labor motor menos valoroso e até um tanto vergonhoso. Se assim não fosse, não haveria pessoas aceitando trabalhar no labor braçal em outro continente e refutando-o em seu meio familiar.

            As funções tradicionais que hoje estão sendo recusadas em primeira instância são as consideradas mais simples diante tantas outras possíveis, como também as mais braçais. Entretanto, essa recusa imediata do jovem provoca, por consequência, a alta nos valores pagos àqueles que acreditam que elas sejam um bom primeiro emprego. Assim, enquanto muitos clamam por primeiras oportunidades, outros vão atrás de cursos profissionalizantes para promovê-las por si. No mínimo, adquirirão conhecimentos à serem usados ao longo da vida particular.

            Enquanto ainda há o que comer e não é preciso trabalhar para isso, é oportuno pensar em adquirir experiência em troca do labor gratuito para, posteriormente, concorrer à uma vaga remunerada ao invés de exigir mais alguma coisa das empresas que quase não suportam pagar os impostos e encargos que também servem como salvaguardas do Governo para muitos que querem o emprego mas não o trabalho.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.693, pág. B4. MAI 29, 2013.

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