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OPINIÕES EQUIVOCADAS

 

Tanto no nível pessoal quanto no profissional o ser humano tem por natureza o olhar crítico para algo que lhe chamou a atenção. Esta é a primeira reação: observar o que não está bom ou o que está faltando.

Muitas vezes feita por maldade ou inveja, a crítica deturpa resultados e esforços alheios até mesmo quando feita de forma inconsciente ou inocente por uma reação de primeiro impulso.

A impressão é que neste primeiro momento não se reconhece o que está pronto, deixando-o para o segundo plano sob menos importância porque já está pronto mesmo – e sempre se julga como trabalho fácil aquele que está pronto. Neste momento, o que aparenta ter real importância é o que ainda não foi feito, mas quando o for, perderá seu mérito como no caso anterior. E não se engane que a menção dos parabéns antes da observação crítica quer dizer que esta seja a real ordem dos fatores, podendo ser apenas uma cortesia.

É um conceito inconsciente de que as conquistas são obrigadas a atingir 100% de excelência, pois se conseguirem 99% ou menos do que isso estarão fadadas às críticas. E o mais interessante é que mesmo atendendo todo o projeto inicial ainda haverá pessoas que apontarão possíveis falhas ou gostos particulares diferentes do responsável pelo projeto, dando a entender que o conquistado não é tão perfeito como poderia ser – sempre faltará alguma coisa aos olhos delas.

A perfeição é algo inconquistável e é bastante contraditório exigir perfeições alheias mesmo não as merecendo e não as produzindo. Isto é: exigir a excelência enquanto oferece mediocridade é algo insano, tanto na vida pessoal quanto na profissional.

Colocam-se como especialistas da causa através dos seus conhecimentos cognitivos e empíricos, porém não é certo que se estivessem no lugar de quem a fez supostamente produziriam os resultados que, neste momento, oralmente se vangloriam. É o famoso “SE” ou “MAS”, sendo: “SE tivesse feito isso...” e, respectivamente: “Ficou bom, MAS deveria...”. Intrinsecamente, é afirmar que só o seu resultado é o melhor ao invés de realmente vender à outra pessoa que isso é apenas uma crítica construtiva.

Muitos não entendem que se alguém realmente quiser uma ajuda para o seu negócio pessoal ou profissional simplesmente a pedirá. E qualquer coisa que for oferecida, mesmo que tenha o intuito original de apenas ajudar, poderá causar uma impressão ruim se for dada sem uma solicitação antecipada de quem a ouvirá. Depois, pode ficar a idéia de que se perdeu a oportunidade de ficar em silêncio e realmente dar valor aos esforços e resultados do outro.

Neste momento também é esquecido o respeito que deveria de se dar sob os gostos e condições do projetista. Ou seja: ele produziu, ele pagou, ele se esforçou e por fim fez o que ele queria fazer para si e não para ter uma aclamação pública. Outro ponto é: na maioria das vezes o que se conseguiu produzir foi o máximo que poderia com os poucos recursos financeiros e humanos disponíveis naquele curto tempo de projeto. E, por fim, aquele resultado, diante das condições impostas, é o melhor que poderia ter conseguido. Então, os aplausos sempre deveriam ser os primeiros a serem feitos e as críticas construtivas - ou não - jamais serem trazidas em pauta sem antes ter seus devidos pedidos.

A real impressão que fica de quem tece críticas, ou observações e opinião como costumam maquiá-la, poder ser imaturidade pela falta de respeito ao esforço alheio enquanto que os que olham as qualidades e ignoram os defeitos dão o devido reconhecimento através dos aplausos.

 

 

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.537 , pág. B4. NOV 21, 2012.

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