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PERDAS INEVITAVEIS

  

Muitas vezes é possível de se deparar com contratempos sem grandes escolhas para serem feitas. A perda é inevitável e o que sobra é apenas decidir pelo menos pior.

A insistência em encontrar saídas é uma reação natural e realmente necessária diante de qualquer dificuldade. Mas ela não pode ser tratada de maneira teimosa quando já são identificadas as perdas irreversíveis ou até mesmo necessárias.

Há casos de haver a oportunidade promovida por alguma perda e usá-la em favor do ambiente geral. Por exemplo: a dispensa de um funcionário devido sua má conduta pode impactar positivamente o ambiente de toda a equipe.

A entidade, o time, a equipe, o grupo, a comunidade ou sociedade sempre devem ser maiores, em valores, do que aqueles que as compõem. Não seria sadio alguma dessas se sujeitar às imposições feitas por algum membro, porque estaria fazendo com que todos os envolvidos se sujeitassem do mesmo jeito e sua identidade se perderia. E, se isso viesse a acontecer, a equipe inteira entenderia que a entidade é fraca a ponto de fazerem o que acharem ser o certo para si, destruindo assim o bem comum do grupo.

Premiações; benefícios; regulamentos; doutrinas; leis; princípios; valores; direitos e deveres precisam ser amplamente aplicados de igual maneira entre os envolvidos mesmo que algum se sobressaia com suas habilidades mais favoráveis ao grupo. A distribuição mal feita faz o grupo se subdividir em subgrupos e fomenta a disputa entre eles. [E a harmonia e a sinergia da equipe se vão.]

O técnico é dispensado ao invés de todo o elenco; demite-se o administrador do que toda a equipe; troca-se um colaborador do que o quadro de funcionários; fecha-se uma empresa do que o grupo empresarial inteiro; muda-se o líder do que os liderados.

Geralmente, quem é escolhido para ser sacrificado pela equipe é aquele que esta se destoando da mesma; está prejudicando o resultado do grupo; provoca desarmonia na equipe; desmotiva os demais; não possui a mesma dedicação que os outros têm; sem comprometimento; várias limitações; etc. A própria equipe pede providências ao líder sobre esta pessoa e, se nada for feito, toda equipe pode ser perdida.

Exemplos similares também são encontrados em prol da sobrevivência e não apenas nos resultados profissionais, tais como: podar alguns galhos da árvore para que a mesma se desenvolva; sacrificar um boi em um rio de piranhas para que a boiada possa passar despercebida por elas; sacrificar um animal doente para que a doença não seja transmitida ao demais; perder alguns soldados do que a tropa inteira.

É difícil fazer tal escolha e o líder pode até mesmo levar consequências danosas pelo resto da vida se a fizer de maneira errada. [A parte humana pesa neste momento, mas precisa ser vencida pela razão. Muitas vezes é preciso arriscar a própria cabeça para tomar esta decisão.]

No outro extremo está quem é escolhido para ser sacrificado/demitido/mudado/dispensado/retirado da equipe ou grupo que até então pertencia. [Ele também enfrenta essa difícil aceitação porque é preciso, intrinsecamente, assumir suas limitações ou até mesmo seu fracasso aos seus olhos.]

            Indiferente da posição, é preciso ser maduro para decidir ou aceitar a decisão imposta pela necessidade do grupo e tomar este fato como um recomeço à vida, porque é necessário entender que, às vezes, o melhor a ser feito é perder um dedo do que perder a mão inteira.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.594, pág. B4. JAN 30, 2013.

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