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PERMITA-SE CONHECER

  

            Ao longo de suas vidas, as pessoas vão acumulando conhecimentos dos mais variados tipos. Descartam aquilo que pensam não usar e usam pouco daquilo que aprendem. São bombardeadas por informações em todo o momento e esse processo seletivo é feito de maneira natural e inconsciente.

            A tendência é sempre reter informações ligadas aos campos de interesse e descartar qualquer outra que seja diferente. Isso poderia ser visto como uma das inúmeras razões para o esquecimento das pessoas ou até mesmo um mecanismo do cérebro que pode não reter aquilo que não é usado.

            Com a necessidade de tomar decisões profissionais em curto espaço de tempo, é comum de as pessoas agirem da mesma forma em suas vidas pessoais. Quando se percebe que as informações que lhes serão passadas podem já serem conhecidas por elas, antecipam-se dizendo que já as sabem, cortando o tempo de explicação do outro. Essa ação, além de não ser polida, desperdiça a oportunidade de fortalecer o relacionamento como também o aumento do próprio saber. Mas são relutantes em admitir tal desperdício e o fazem de maneira deliberada contra aqueles que julgam de baixo conhecimento.

            Mais do que a chance de ser um bom ouvinte ou de conceder ao outro o direito de falar, perde-se muitos conhecimentos ligados todas as áreas da vida. E tão importante quanto responder de maneira certa uma questão levantada é o ato de permitir-se aprender com o outro que, indiferente da sua instrução, sempre poderá ter algo bom, sendo relevante ou não, para compartilhar.

            O esforço é mínimo porque a informação estará sendo entregue pela outra parte de forma gratuita, bastando apenas prestar atenção. A questão de reter a informação passada ou descartá-la precisa ser usada apenas em segundo plano. Antes de refutá-la através de um preconceito, é válido dar-se a chance de melhorar o próprio saber ouvindo o que a outra parte tem para falar.

            A experiência não é enriquecida através do tempo de vida, mas como esse tempo foi usado. Assim, uma pessoa jovem pode ter aproveitado muito mais seu próprio tempo do que alguém com mais idade. Talvez os resultados conquistados pelo primeiro sejam mais valorosos que o segundo.

            No ambiente profissional, é de suma importância ouvir e ponderar sobre todas as informações que possa ter. Engana-se quem evita conhecer a vida dos colaboradores e seus pontos de vista. A equipe é a empresa e, consequentemente, seu maior patrimônio.

            Muitas linhas de produção foram melhoradas por opiniões simplistas de colaboradores que estavam no último grau de hierarquia, mas jamais teriam sido se o superior não tivesse dado ouvidos à eles. Dessa forma, não é só o pequeno que aprende com o maior, mas o maior pode se fazer ainda mais se permitir-se aprender com o primeiro.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.728, pág. B4. JUNL 10, 2013.

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