A capacidade produtiva, como as aptidões ou habilidades, segue a singularidade do ser. No mercado de trabalho, cada profissional tem sua capacidade diferente dos demais ainda que os números quantitativos estejam temporariamente iguais. Uma produção pode se equivaler à outra que esteja nas mesmas condições, mas irá destoar quando seu limite chegar.
Todo time de trabalho também segue a menção da produtividade citada. Ele também é exercitado para se desenvolver e executar seu trabalho com excelência e constância. E enquanto a constância da produção estiver restrita ao limite motor da mão-de-obra, a excelência se restringirá ao saber e à vontade do trabalhador.
Não basta automatizar a produção ao seu limite máximo de peças diárias e tão pouco isso seria o bastante ou saudável aos envolvidos. A qualidade do produto precisa ser melhorada através da busca da excelência no atendimento. É o produzir constantemente a mesma quantidade ou maior, concomitantemente melhorando a qualidade do produto.
Engana-se quem compara sua capacidade produtiva com seus concorrentes ou colegas de trabalho. Não é o fazer igual ao outro que garante o emprego. É a própria empresa que precisa sempre buscar meios de elevar sua produção e substituir seus produtos no mercado através do lançamento de novos, melhores e mais baratos – antes que seus concorrentes os façam. Para isso, o trabalhador precisa passar pela mesma transformação.
Os colaboradores que se tornam caros devido à retração ou a mesma produção de sempre são substituídos pelos mais novos, rápidos e com mais qualidade devido aos seus conhecimentos adquiridos ou habilidades desenvolvidas. Tão necessário o investimento em maquinários é o humano, pois até mesmo um trabalhador com maior salário pode ser mais barato para a empresa devido à sua produtividade.
Para manter a empresa viva no mercado de trabalho, o empregador precisa constantemente melhorar seus números. E a dispensa e a não recolocação dos trabalhadores com baixa ou mediana capacidade produtiva só podem ser evitadas com a constante melhoria do que se produz.
Quão caro estou sendo para a empresa deveria ser o pensamento daquele que se compara aos outros ou está insatisfeito com o próprio salário. A recontratação profissional será ainda mais difícil a cada dia, porque a produção de seres humanos é maior do que a transformação ou melhoria dos mesmos. E a redução do salário e o rebaixamento hierárquico serão vistos como boas alternativas aos que ainda acreditam que sua produção de hoje, limitada no saber, vontade, habilidade ou aptidão, e força motora, basta para manter seu estilo de vida eternamente.
O capitalismo não tem coração, mas somente CNPJs. Por mais que ainda haja Governo para aplicar ações temporárias de auxilio aos inativos, os ativos tendem a se tornar menor número de braços trabalhando para sustentar os braços cruzados no futuro. Isso se deverá ao prazer do ócio de hoje ou de ontem ao invés de trabalhos e estudos. E o capitalismo, insubstituível devido à ganância humana, impõe sua própria cadeia alimentar desempregando os produtivamente mais caros e empregando os mais baratos.
JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.811, pág. B4. OUT 16, 2013.