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PROPOSTAS IRRECUSAVEIS

  

Nos últimos tempos, a palavra irrecusável começou a perder sua força e sentido originais que exprimiam uma incontestável certeza. Soava-se como uma imposição de aceite para o que fora proposto. Ninguém se colocava em oposição à esta expressão que dispensava maiores explicações.

Sua origem é incerta uma vez que há vínculos em toda a história ligada às propostas, determinações, leis, imposições, doutrinas, concessões, etc. em regiões ou condições governadas por alguém mais forte do que os demais.

Há conceitos de sua melhor aplicação quando surgiram as propostas que se maquiavam com opções de escolhas para, simbolicamente, amenizar a obrigatoriedade no cumprimento do pedido. Era proposto, mas não se podia recusar.

O inconformismo do cidadão diante das regras que delimitavam sua liberdade foi um dos fatores que contribuíram para o afrontamento desta palavra irrecusável. Condições inadequadas, opressão, proibição em se expressar, incerteza quanto às consequências, medo, solidão, etc. pressionaram o indivíduo a tal ponto que o mesmo rebelou-se ao sistema e enfrentou os duros castigos por causa da sua oposição/opinião. Assim, milhares morreram para que outros, que viriam depois, pudessem gozar do direito de recusar o que lhe fora proposto.

Este escopo é suficientemente amplo a ponto do leitor entender que se trata desde as divisões de áreas na Revolução Agrícola até mesmo um jovem que quer escolher o que é melhor para si, hoje em dia.

Caiu-se no descrédito a afirmação irrecusável uma vez que o respeito da opinião e atitudes favoráveis ou contrárias foi incorporado à vida em sociedade. Mas ainda há certas confusões feitas por quem luta pelo seu direito de contradizer a lógica, cultura, costume ou padrões, oprimindo a outra parte em mudar sua crença enraizada há anos. Neste caso, a vítima se torna o opressor de quem compartilha opiniões diferentes/ultrapassadas a dele.

No mundo do trabalho, as propostas irrecusáveis se tornaram lendas urbanas uma vez que a família, segurança, local de trabalho, benefícios, sonhos, projetos, convivência, harmonia profissional, etc. influenciam a decisão do aceite ou recusa de oportunidades.

O pensar de médio à longo prazo também estabeleceu critérios avaliativos ao profissional em sua escolha de se mudar ou continuar em trabalhar onde está. E até mesmo rejeitar mais vantagens para manter, ao menos, a paz de espírito.

Mesmo tendo ciência sobre a corrupção, ainda é possível perceber que o dinheiro não é um fator irrecusável ao trabalhador que se fortalece em conhecimento e reconhecimento por sua postura profissional diversa a isto.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.658, pág. B4. ABR 17, 2013.

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