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TRABALHO OU EMPREGO

 

A relação entre trabalho e emprego nem sempre é compreendida. Na prática, muitas vezes se torna um paradoxo quando é buscado um e evitado o outro. E a certeza do primeiro estar contido no segundo está sendo enfraquecida com as mudanças que têm o propósito de melhorias nas condições de vida das pessoas, mas nem sempre proporcionam o que se esperam delas.

A história do homem mostra o árduo trabalho feito antes da Revolução Agrícola até a Revolução Industrial. As necessidades fisiológicas encontradas na base da pirâmide de Abraham Maslow (1908-1970), tais como a comida, eram consequências do trabalho e sem esse seria impossível de serem atendidas. Da vida nômade até a insalubre nas linhas de produção, o trabalhador pré-histórico foi convergido ao conveniente contemporâneo.

Buscou-se muito mais do que a qualidade de vida. A dignidade humana é uma bandeira hasteada à frente dos movimentos que visam favorecer as condições de trabalho e a vida do homem protestante. A avidez de ter cada vez mais do que já se tem não é reconhecida pelos que reivindicam novos direitos em todo momento. E os pontos de vista ou novos conceitos são combustíveis para as constantes e mutáveis interpretações dos fatos trabalhistas que, hoje em dia, denotam dar mais direitos do que deveres aos trabalhadores.

Para alguns, a opressão trabalhista enfrentada nos períodos antigos justifica o cuidado no ambiente de trabalho atual. O cumprimento das leis é acompanhado de perto pelos interessados e, mesmo assim, há empregadores que não as cumprem como deveriam. Entretanto, também é percebido que há trabalhadores oportunistas que usam da inclinação das leis em seus favores para conseguirem mais vantagens financeiras, segundo alguns empregadores.

Cada parte envolvida luta pelas suas garantias - e não poderia ser diferente disso; há a organização dos direitos comuns observados pelos grupos ou entidades de suas classes; e muito foi conseguido com a luta dos operários explorados devida às suas associações. Hoje, muitos são beneficiados pelos direitos adquiridos às duras custas dos antepassados. E isso poderia ser irreal sem a doação dos atuais mantenedores das leis trabalhistas. Será?

Os representantes do povo no poder legislativo estão em atividade permanente – ou deveriam de estar - em favor de todos ou, ao menos, da maioria. Suas fiscalizações não se resumem a realização e adequação do regulamento profissional e social. Eles são responsáveis pela boa convivência e evolução da população. Para isso, sustentam o compromisso da voz do povo que exige seus atuais e novos direitos.

Os direitos que antes eram inexistentes, agora, proporcionam intensas batalhas de interesses. Cada parte se mune da infinidade de regras vigentes e se torna gladiador do poder. E quem perde com isso é a economia e a harmonia entre os indivíduos.

Na maioria das vezes, o dever não é discutido. Isso denota sandice já que a contínua exigência e posse de direitos mantém os envolvidos na posição de receber ao invés de promover.

Nem sempre as alternativas encontradas para diminuir as diferenças sociais são eficazes. E o preço pago, em longo prazo, pode não compensar os resultados.

Consequências nocivas às engrenagens econômicas estão acontecendo como resultado da busca desmedida de direitos pelas partes envolvidas. O não cumprimento de um dever está sendo justificado, por alguns, pela possibilidade de algum novo direito. E, enquanto se discute se o fato é de direito ou de dever, não há produção e alheios à discussão sofrem por consequência. Um exemplo disso é a greve que ampara uma classe enquanto o todo sucumbe. Diga-se que por mais amparada que seja o direito a greve, sua prática se tornou vil e sazonal em muitos setores. Ora, o direito de uma classe não pode sobrepor o da economia, alguns pensam. E o regimento que regula tal direito parece obsoleto e esquecido pelos governantes.

A cobiça, a inveja e a ganância corrompem o homem, sendo empregado ou empregador, que se tornou um procurador de brechas nas leis do direito, ausentando-se da produção que fazia anteriormente.

Ações de salvas-guarda, tais como o seguro desemprego, na prática, estão sendo exploradas à margem das leis. Os acordos entre empregadores e empregados são comuns para que ambos sejam favorecidos: o empregado por receber o dinheiro do Governo quando não o merecia e o empregador por diminuir seu risco de discussões trabalhistas. Ambos são corruptíveis e quem paga é o eleitorado que opta por não mudar os eleitos devido ao risco da descontinuidade dos benefícios financeiros para a próxima gestão.

Enquanto um pedinte ganhar mais dinheiro que um professor; aptos ao trabalho ganharem dinheiro para se manterem improdutivos; os braços cruzados causarem mais danos do que resultados; a impunidade favorecer os devedores; investir o dinheiro público em supérfluo ao invés do básico e ninguém ser responsabilizado; elegerem inaptos à administração pública; os trabalhadores ativos serão sobrecarregados pelas contas dos inativos e corruptos até falecerem.

 

O sistema atual dá condições dos trabalhadores escolherem o emprego ao invés do trabalho - o que era muito diferente quando seus sustentos provinham do trabalho feito por eles. A moda está sendo agrupar pequenos números de interessados que se colocam como oprimidos pela história ou pela atual conjuntura. E se esse movimento não for regulado em favor de todos, aqueles que eram apontados como maioria, daqui a alguns dias, terão que exigir seus direitos, agrupando-se também, já que se tornarão a minoria e sobrecarregados das obrigações não cumpridas pelos, hoje, beneficiados.

REVISTA ATITUDE EMPREENDEDORA. 11º Ed. Jaraguá do Sul: Dom7. Pág. 52-53, OUT, 2014.

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