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TRANSFERIR O PODER

 

O poder sempre estará nas mãos de quem tem autoridade e persuasão sobre o grupo a que pertence, pois a primeira é advinda da crença dos liderados e a segunda é a habilidade de conduzi-los, indiferente da posição que ocupa.

Esse pode ser transferido ou tomado conforme a necessidade, mas em ambos os casos há dificuldades para serem superadas e os candidatos para assumi-lo nem sempre estão aptos.

Assumi-lo através da força seria o mesmo que determinar o próprio fracasso, como também se o fizer de maneira precipitada, não planejada, repentina ou desnecessária. Isso é devido à repulsa dos liderados que não concordariam com tal decisão imposta. A ferida de quem, há tempos, trabalha como equipe e não foi participado de qualquer decisão que afetaria o time, jamais seria cicatrizada por entender que o sentido de grupo era apenas uma ilusão defendida para se obter o alto desempenho de todos. Assim, é possível da equipe eleger um líder em seu meio por aclamação e repudiar o indicado pelo antecessor.

Em outros casos, é possível da indicação do sucessor ser equivocada, colocando alguém que não teria a habilidade para conseguir o prestígio do time. O conhecimento e a experiência de nada valerão se o grupo não tiver a segurança necessária em seu comandante.

A confiança do antecessor ou dos eleitores que indicam o próximo líder não o capacita ao cargo. E tal decisão é extremamente importante porque determinará o sucesso ou a falta desse para a entidade onde todos pertencem. Ou seja: o fracasso de um pode acabar com toda a equipe.

Os comandos são transferidos em tempos a fim de que o próximo líder, ao menos, dê continuidade no trabalho em prol do desenvolvimento da entidade. E como ninguém é eterno, seria desinteligente não planejar tais transferências.

O ápice da inteligência é quando o atual líder percebe que a entidade que está sob suas responsabilidades poderia ter um melhor desenvolvimento nas mãos de outro mais bem qualificado que ele. É tornar-se sábio com o ato de assumir as próprias limitações, consentir que haja alguém mais apto que si e ainda conduzir toda a equipe na mudança do seu próprio comando que não se dá pelo seu falecimento, mas pela sua sensatez.

Há tempos, é desusada a transferência patriarcal de poder se o herdeiro não tem aptidão. A prudência do meio privado coloca um terceiro qualificado para gerir os negócios com a participação da família como consultora. E esta doutrina também deveria de ser consentida no meio público que é omisso quanto à reprovação de candidatos que não possuem, ao menos, graduação em administração pública e histórico ilibado.

  

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.675, pág. B4. MAI 08, 2013.

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