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AMORES PROFISSIONAIS

 

Como é sabido, todos são passivos de amar e de serem amados em qualquer lugar ou situação possíveis. Talvez este seja um dos acontecimentos imprevisíveis e incontroláveis do ser humano e que não só influencia suas atuais e futuras situações pessoais e profissionais como também pode ser decisivo pela fortuna ou falta de alguém.

Há casos de relacionamentos bem e mal sucedidos que tiveram seus inícios no ambiente profissional. E como ainda faltam pesquisas amplas e plausíveis sobre a eficácia desses relacionamentos, as empresas - conformem suas experiências - estabelecem a política interna que pode ou não inibir tais ações dos seus colaboradores, como também evitar a contratação de pessoas com grau próximo de parentesco.

Se de um lado não se pode coibir pessoas de se relacionarem amorosamente, por outro lado também não se pode ir contra a política interna da empresa que visa o bem e a ordem comum. Neste caso, é comum de as partes sentirem-se desconfortáveis com a situação que pode ou não ter sido estabelecida, mas ainda estar em fase de descoberta. E assim provocarem impeditivos para a continuidade do contrato de trabalho.

Quando a empresa busca evitar relações não comerciais e próximas entre seus colaboradores e deixa esta premissa certa à todos é porque sua história traz a experiência de fatos indesejáveis. Mas quando a relação é inevitável e não se pode abdicar a política interna, uma das partes precisa se sacrificar e o mais comum é um do casal pedir demissão para continuar o relacionamento, enquanto que a empresa lamenta a perda dele.

Há casos de colaboradores se envolverem de maneira descompromissada e a sinergia da equipe ficar abalada, forçando os líderes a tomarem a dianteira da situação devido à isso ou até mesmo sobre algum abuso de hierarquia.

O mais importante é entender que nenhuma das partes é carrasca, mas todas são vítimas de uma situação externa e o papel da empresa é diminuir essa possibilidade ao invés de assumir uma postura tirana.

Inúmeros fatores são necessários para que um relacionamento pessoal nasça, construa-se e permaneça em um ambiente profissional, sendo alguns: maturidade, respeito, confiança, profissionalismo, espaço, obediência e doação entre as partes.

Ciúme, autoritarismo, inflexibilidade, rebeldia, competição, desconfiança e a desobediência hierárquica minam os relacionamentos profissionais e pessoais, colocando fim em algum deles.

Quando há a comunhão dos casais estendida ao trabalho, a sinergia precisa estar devidamente regulada para que haja o complemento de ambos. Questionamentos sobre decisões tomadas e assuntos profissionais discutidos dentro de casa também são fatores que impedem a continuidade do relacionamento pessoal ou profissional.

Brincadeiras de colaboradores também precisam ser relevadas e o medo de ser visto como “a mulher do dono” ou “o marido da patroa” precisa ser combatido, pois pode dar a falsa impressão de incapacidade profissional ou se achar no direito de comandar a empresa.

Tal relação pode ser possível e até mesmo sadia e promissora, mas dependerá muito das partes envolvidas e como elas respondem aos desconfortos que poderão surgir. Assim, o impeditivo de continuidade desta comunhão pessoal e profissional é provocado pelo próprio casal, pois segundo Jean Paul Sartre (1905-1980), “não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.”

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.576, pág. B4. JAN 09, 2013.

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