/ Artigos

CAPITALISMO QUE DEMITE

  

Originando-se na Europa, entre a Idade Média e Moderna, juntamente com a nova classe social chamada burguesia, o sistema capitalista buscava seus resultados através do lucro, acúmulo de riquezas, sistema produtivo controlado e expansão dos negócios – base estendida até os dias de hoje. [As navegações foram ações propulsoras deste sistema que procurava, em outros países, os insumos não existentes nacionalmente, tais como as especiarias. E por consequência das explorações de novas terras, algumas características do capitalismo estabeleceram-se, tais como: a intensificação da busca do lucro, maiores contingentes de trabalhadores assalariados, mais dinheiro circulando ao invés do escambo, movimentos bancários e mais desigualdades sociais.]

[De lá para cá, a Revolução Industrial provocou a elevação da produção e o trabalhador, em sua maioria, foi substituído por máquinas; houve o aumento dos lucros devido à redução e diluição dos custos através da agilidade produtiva; a comunicação mundial tornou-se mais simples por meio das transações financeiras bancárias; empresas multinacionais com linhas produtivas concentradas em países com baixo custo de mão-de-obra; importação e exportação constantes de mercadorias; transição de moedas em tempo instantâneo fomentando os investimentos estrangeiros; concorrência global ao invés de local; impulsão de negócios nas bolsas de ações mundiais; produção local para clientes globais; redução dos movimentos socialistas e comunistas; concessão das barreiras aduaneiras; agilidade nos transportes mundiais; o inglês e o dólar como ferramentas de negócios globais; entre outros.]

Seria possível dizer que a produção capitalista fomentou uma aceleração muito superior do que a encontrada na Pré-Revolução Industrial, da mesma forma que antes havia carros que chegavam a 100 km/h e hoje há os que atingem 320 km/h. E como exemplos de pontos favoráveis, o sistema de produção capitalista potencializou a comercialização mundial, rompendo todas as barreias e paradigmas anteriores; inovou os produtos e tecnologias; multiplicou as linhas produtivas; desenvolveu novos negócios; integrou o mundo financeiro.

A busca diária e contínua pelos cumprimentos de metas ousadas cega o profissional que não percebe a escravidão imposta pelo sistema de trabalho capitalista. Tal sistema não estabelece limites máximos a serem alcançados, mas impõe mínimos para serem atingidos, indiferente dos contratempos que possam surgir.

[O profissional não tem escolha, pois o não cumprimento dos objetivos rotula-o como inapto ao trabalho que o seu concorrente executa com eficiência. E o desemprego assombra sua mente durante o sono noturno, refeições e até mesmo nos momentos de lazer. Mas o sistema é ainda mais amplo: provoca na mente do trabalhador o temor de não ser bem sucedido, porque o padrão estabelecido na sociedade contemporânea é o sucesso mensurado em posses de bens, direitos e imagem.

A maioria das coisas se conduz para os extremos como se toda forma existente estivesse em uma competição acirrada e ininterrupta. Sendo oportuno, é possível de rotulá-lo de “a cadeia alimentar profissional” onde o mais rápido, eficiente e eficaz fecha as portas do moroso, ultrapassado e custoso.]

Indiferente se tem 16 ou 60 anos, o trabalhador ativo precisa acompanhar e atender com pontualidade as tendências e necessidades do mercado de trabalho. Inúmeros estarão olhando sua posição profissional com cobiça e farão de tudo para que as famílias deles não sejam as que lamentarão a dificuldade financeira provocada pelo sistema capitalista que demite os que escolhem o “jeitinho brasileiro” ao invés do trabalho.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.611, pág. B4. FEV 20, 2013.

Voltar