Férias é um período de descanso que provoca medo em quase metade dos brasileiros. É comum de profissionais não gozarem dos tempos de descansos devidos por sentirem que sua ausência da empresa pode prejudicar o bom andamento do negócio.

            Há casos de trabalhadores sentirem medo de serem substituídos durante este período de descanso e serem surpreendidos com sua dispensa da empresa no seu retorno.

            Dentre várias reclamações pesquisadas, algumas chamam mais atenção devida sua alta incidência quando os profissionais saem de férias: 49% reclamam do aumento dos conflitos familiares; 36% reclamam das despesas adicionais das férias a serem pagas na volta; 32% reclamam das visitas ou hospedes que causam excesso de tarefas domésticas e atividades sociais; 27% reclamam das dificuldades de se desligar mentalmente do trabalho; e 14% reclamam da falta do que fazer nesse período.

            Com a facilidade da comunicação promovida pela tecnologia, ao sair de férias o trabalhador leva consigo algum ou vários aparelhos que o mantém conectado com a empresa, [sendo notebook e celular os mais comuns].

            A mistura que se causa entre as vidas pessoais e profissionais no período em que somente a primeira deveria de ser considerada é hoje em dia chamado de blurring (na tradução do inglês, mistura ou desfoque).

            [Esse fenômeno global tem provocado vantagens ao que têm medo de serem demitidos nesse período de descanso, pois continuam em contato com a empresa, e desvantagens quando o trabalhador está em horário comercial e traz assuntos pessoais para a empresa].

            A facilidade da comunicação e do acompanhamento de relatórios precisa ser filtrada pelo individuo a fim de não deixar confusa a vida que leva e muito menos comprometer momentos de negócios ou de lazer.

            Outro ponto pesquisado é que o descanso das férias é pouco aproveitado, pois 13% retornam na hora ao nível de estresse anterior às férias; 4% retornam mais estressados; 16% os benefícios adquiridos com o descanso são integrados à rotina; e 67% o estresse retorna após uma semana de trabalho.

            O Brasil é o segundo do ranking dos países de viajantes mais conectados ao trabalho, perdendo apenas para a China.

            Esse abarbo do profissional é difícil de ser lidado e constantemente precisa ser policiado pelo mesmo. [A família e a própria qualidade de vida não podem sempre estar em segundo plano, assim como o negócio. A importância de cada um precisa ser trabalhada no seu devido momento e lugar, pois o homem não nasceu para ser escravo do trabalho e nem do ócio.]

            A delimitação de limites é uma opção. A checagem de mensagens e ligações no momento de lazer precisam ser claras e obedecidas sob uma conduta que não venha comprometer o principal benefício: gozar do descanso merecido. 

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXIII, nº 6.925, pág. A9. MAR 08, 2014.