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RESILIÊNCIA

  

A busca pelo conhecimento técnico sobre cada atividade econômica, através dos estudos técnico-profissionais ou de terceiro-grau, deixa inúmeras lacunas nas mentes dos jovens profissionais lançados no mercado de trabalho.

O foco ainda continuado na especialidade da profissão e não em sua condução não promove estabilidade à pessoa no ambiente de trabalho, deixando-a a mercê da sua própria percepção sobre a atitude mais adequada para cada situação deparada. Desta forma, muitos profissionais recém formados cometem equívocos que poderiam ser evitados se o comportamento profissional também fosse trabalhado em sala de aula.

Outros que, mesmo não sendo recém formados, mas obtiveram a promoção tanto perseguida nos anos anteriores, falharam no sustento da equipe porque o fizeram primeiramente consigo. Os árduos trabalhos e estudos especializados da profissão deram-lhe a aptidão para assumirem o cargo que queriam, porém não anteviram que para mantê-lo também seria preciso ser especialista em relacionamento humano – a começar pelo seu próprio ser.

O Quociente Emocional (Q.E.), por muitas vezes, foi defendido sobre maior importância do que o Quociente Intelectual (Q.I.) no meio profissional. A liderança nunca deixou de ser um tema contínuo na qualificação do trabalhador. Entretanto, muitos se deparam em momentos de extrema pressão sob grandes impactos e riscos em suas decisões ou omissões. O destino profissional vem exigir ações e resultados imediatos que até mesmo profissionais com alta qualificação se penderiam desfalecidos.

Desistir é o caminho mais rápido para se desfazer de uma situação considerada sem solução ou certa de infortúnio. Vários dobram seus joelhos, engolem o orgulho e se entregam como cordeiros para que os lobos que a vida colocou em seus caminhos possam acabar com seus sofrimentos quando devorá-los.

Por outro lado, há pessoas que não têm ao menos a opção de desistir por mais que gostariam. Por de trás delas há uma necessidade maior do que si mesmas e não há o que se fazer a não ser agüentar até o fim, sendo afortunadas ou não.

A saúde se vai; vive-se em modo automático; a mente nunca descansa; envelhece mais rápido do que se esperava; os valores e princípios se vão ao se deparar com a necessidade de sobreviver; a vergonha não lhe é mais conhecida; a solidão o consome. Neste momento, as habilidades fogem-lhes dos dedos e as regras não fazem mais sentido. Os resultados não são os que eram necessários e esse período de crise instala-se por anos e sem pretensão de se ir.

Sabendo de tudo isso, na observação que a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas sem entrar em surto psicológico deu-se o nome de resiliência. E no meio das organizações foi vista como tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Isto é: uma combinação de fatores que propiciam condições necessárias ao indivíduo enfrentar e superar problemas e adversidades.

Desenvolve-se o ápice dessa habilidade quando não há a opção de desistir ou fugir da situação, mas somente o fato de enfrentar o caso e continuar sobrevivendo – entra-se no modo de sobrevivência.

Contudo, é isso que os pais desenvolvem quando tudo começa a faltar em casa ou o empresário começa a entrar em falência, por exemplo. E, uma vez desenvolvida, essa habilidade sempre estará vívida no profissional.

JORNAL TRIBUNA DO NORTE. Caderno Empregos. Ano XXII, nº 6.549 , pág. B4. DEZ 05, 2012.

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